domingo, 5 de junho de 2011

O antagonismo Entre o Modo de Produção Capitalista e a Questão Sócio-Ambiental Parte Final

2 O Caráter Religioso do Sistema Capitalista

Nós somos resultados do sistema capitalista e ao mesmo tempo neles vivemos. Característica da pós-modernidade é o assento religioso do capitalismo. Usarei uma metáfora usada em uma palestra do Frei Beto. Os templos modernos são os shoppings Center, tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas a ele se freqüenta com roupa de missa de domingo. Lá não tem mendigo nem crianças de ruas, não há ruídos nem lixo. Agente entra naquele claustro maravilhoso com canto gregoriano pós-moderno. Entramos nas capelas de consumo e percebemos as lindas sacerdotisas e os sacerdotes de plantão. E contemplamos os veneráveis objetos de consumo, se não puder comprar é um inferno. Se for entra no cheque especial ou no cartão (o purgatório) não importa, se pode pagar em dinheiro está no céu. Vai doer mais eu vou levar. Na saída todos se irmanando na eucaristia pós-moderna o hamburge do Mc Donald e a coca-cola. É uma estrutura sumamente religiosa. O mundo se divide em outro paradigma que não é o teocêntrico nem o antropocêntrico, mas o mercadológico, aqueles que podem comprar e os que não podem comprar. Aqueles que estão dentro e fora do mercado. Frei Beto relata que visitou um shopping e contemplou os sacerdotes e as sacerdotisas a porta das capelas mostrando os veneráveis objetos de consumo. Um se aproximou e disse: _ Posso ajudar? O Senhor deseja alguma coisa? _ Não, eu estou apenas realizando um passeio socrático. Ai os vendedores o olharam com estranheza e ele explicou. _ Sócrates foi um filósofo grego que morreu no ano 399 a. C. morava em Atenas e pra refrescar a cabeça ele percorria as ruas e centros comercias da cidade, e rapazes e moças como vocês chegavam à porta das lojas e faziam pra ele exatamente as mesmas perguntas que você me fez. Ele respondia. Estou apenas observando quanta coisa existe que eu não preciso para ser feliz. O problema é que o sistema neoliberal capitalista de hoje não quer que sejamos cidadãos mais consumidores.





Conclusão

Precisamos de uma mudança paradigmática, pois o paradigma norteador da sociedade capitalista continua inalterado. E toda essa onda de economia sustentável advém de uma mudança comportamental para se atingir um novo público de consumidores, porém não é uma mudança de valores.
O modo de produção capitalista só se mantém destruindo as forças produtivas, quer dizer, arrasando os dois suportes que o possibilitam: a força de trabalho e o meio ambiente.
O sistema atual regido pelo capital não tem levado os seres humanos a construírem nada em comum, pois o consumismo, a competição, o acúmulo e a ostentação tem se sobrepujado em detrimento da solidariedade, da caridade e da compaixão.
A humanidade alienada e entorpecida com a ideologia neoclássica só se solidariza com o próximo em meio à tragédia e ao caos. Como afirmar Milton Santos: “Nunca houve humanidade, mas ensaios de humanidade”. (Santos, 2000)
Deixamos de ser cidadãos e seres racionais e somos levados como marionetes pela mídia e pelo fetichismo das mercadorias. São os objetos que nos controlam e perdemos o autocontrole e a capacidade de dizer não ao supérfluo. Até as nossas crianças narcotizadas pelo sistema vigente aprendem muito cedo o verbo comprar, mas desconhecem o verbo partilhar.
Estamos inseridos numa cultura que dissemina compulsão e consumismo, e que através de sua ideologia e marketing associa os produtos a um conceito de felicidade. Felicidade esta que dura pouquíssimo tempo e nos remetem de novo as compras. 
  A sociedade capitalista criou dois tipos de injustiça: a injustiça social e ecológica. Se nos mantivermos assim a nossa espécie estará condenada a não adentra o próximo século. Pois nos restam dois caminhos, ou permanecemos neste advogado pela mídia e pelos mecenas do capital, que é o caminho de morte e da tragédia da civilização humana. Ou nos convertemos à vida. Passemos a ouvir o clamor dos oprimidos desse sistema perverso: o pobre, a fauna, a flora, ou seja, a biodiversidade como um todo.
Devemos como os únicos seres éticos e racionais desse planeta defender a vida em detrimento da morte. E como nos ensinam as tradições dos povos primitivos: devemos ser os mordomos da criação e não os assassinos e suicidas planetários.                                                                                          

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