domingo, 5 de junho de 2011

O antagonismo Entre o Modo de Produção Capitalista e a Questão Sócio-Ambiental Parte I

Introdução

Estamos vivendo um momento crucial da história humana. Pela primeira vez a espécie humana corre risco de ser extinta. Tudo por causa das ações irresponsáveis do homem, além das conseqüências advindas do sistema capitalista. Que tem se mostrado antagônico a questão social e ambiental.
Essa pesquisa pretende analisar o nosso modo de produção e suas implicações sociais, tais como: exploração, desemprego, miséria e a fome. E seus efeitos ambientais: desmatamento, destruição dos recursos naturais, aniquilação da flora e da fauna, poluição, entre outros.
Nosso objetivo é trazer uma reflexão crítica a nosso modelo civilizacional, mostrando que o mesmo demonstrou-se incapaz de assegurar o bem-estar da humanidade e da Terra.  Precisamos criar uma civilização mais solidária, ética e consciente.
Estamos num momento crítico. Ou mudamos o paradigma vigente que é de morte, desperdício e consumismo a fim de implantamos um novo paradigma, ou seja, uma nova relação com a natureza, com a terra e com o homem. De fato um novo modelo civilizacional.  
Os bilhões de seres humanos que vivem abaixo da linha da pobreza e Gaia (a terra viva e reguladora da vida) clamam e nos conclamam para uma mudança de atitude, para revermos nossos conceitos e valores.
A nossa Terra é um planeta limitado e não é capaz de suporta um projeto de extração de seus recursos ilimitados como quer o capitalismo. O capitalismo fracassou contra a humanidade e contra a terra.          
Devemos deixar um planeta habitável, tal qual recebemos das gerações que nos precederam, para as gerações vindouras. Nossos filhos e netos têm o direito de usufruir das mesmas maravilhas naturais que hoje usufruímos.


1 O Modo de Produção Capitalista

A exploração da natureza pelo ser humano sempre ocorreu, pois dela são tirados os meios de sobrevivência da espécie deste o surgimento do homo sapiens na pré-história. Porém essa exploração exacerbada da natureza ganhou um impulso descomunal após a Revolução Industrial inglesa do século XVIII, pois até esse momento da história o trabalho era feito de forma manual, artesanal, por escravos, trabalhadores servis, ou trabalhadores livres, o modo de produção era o mesmo e as poucas ferramentas utilizadas eram rudimentares.
Todavia, a revolução industrial trouxe consigo a criação da máquina a vapor e a aceleração da fabricação dos bens de consumo, o surgimento de grandes fábricas e a divisão do trabalho no meio fabril; trazendo consigo terríveis conseqüências ao homem e a natureza. Ao homem pela exploração do seu tempo de trabalho podendo chegar a 16 horas por dias, inclusive mulheres e crianças, a repetição contínua e extenuante do mesmo trabalho em condições de higiene precárias.
Ao meio ambiente, pois era dele que se tirava a matéria prima para a produção, principalmente o carvão vegetal no início e logo depois o carvão mineral, a exploração sem precedentes da natureza consumiu florestas nativas, poluiu o ar que fora contaminado com excesso de gases tóxicos, material particulado e fuligem das fábricas; contaminou as águas dos rios levando a extinção e o desaparecimento de inúmeras espécies da fauna e flora, aquática e terrestre.
Quem visitava Londres, Manchester e tantas outras cidades do centro de produção fabril da Inglaterra ficavam estupefatas com tamanha poluição, sujeira, e com a exploração dos trabalhadores.  
Karl Marx, Friedrich Engels, Weber e tantos outros teóricos do período em questão escreveram e criaram teorias para explicar o modo de produção capitalista, a mais valia e a exploração dos trabalhadores, dentre as obras vale destacarmos os volumes de O Capital, escrito por Marx. Muitos teóricos hoje de diferentes correntes metodológicas ainda tentam explicar o capitalismo a partir da revolução industrial, os mais destacados são Thompson e Eric Hobesbaw.
Mais de todos os teóricos que estudaram o Modo de Produção Capitalista Karl Marx é o mais destacado e suas teorias são estudadas por teóricos, intelectuais e especialistas para compreenderem o sistema.
Marx e Engels exilados em Bruxelas em 1845 escreveram o Manifesto do Partido Comunista, entre outras coisas eles afirmaram que o proletariado esmagado pelo capitalismo só tinha uma saída, à revolução e a implantação do comunismo em que os operários assumiriam o controle dos meios de produção, dividiriam os lucros de maneira igualitária e poriam assim o fim as lutas de classes, mas ele não viveu para vê suas idéias postas em prática e o que aconteceu na antiga União Soviética, China e Cuba foi uma deturpação da sua teoria.
Marx acreditava que os operários por serem a maioria na sociedade venceriam os capitalistas e iriam produzir uma sociedade mais justa. Ele analisou o capitalismo não como o fim da história, como afirmam os pensadores pós modernos, nem como a forma de sociedade correspondente à natureza humana, mas como um modo de produção historicamente transitório cujas contradições internas o levariam a destruição. Marx criou conceitos que se tornaram muito conhecido, como, por exemplo: o de mais-valia, capital variável, capital constante, exército de reserva industrial dentre outros, analisou a acumulação de capital, a distribuição de renda, as crises econômicas, etc.
 Capitalismo é o sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção por parte dos burgueses e detentores do poder e pela liberdade de iniciativa dos próprios cidadãos. O capitalista, proprietário das empresas, e do recurso financeiro compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro, ou mais valia.
Para conceituarmos capital recorreremos ao sociólogo Octávio Ianni, em sua obra Teorias da Globalização (1996):

A princípio, por capital se entende um signo do capitalismo, o emblema dos grupos e classes dominantes em escala nacional, regional e mundial. Isto é, o capital de que se fala aqui é uma categoria social complexa, baseada na produção de mercadoria e lucro, ou mais-valia, o que supõe todo o tempo a compra da força de trabalho; e sempre envolvendo instituições, padrões sócio-culturais de vários tipos, em especial os jurídicos-políticos que constituem as relações de produção (Ianni, 1996).

O modo de produção capitalista é um processo civilizatório e idealístico que perpassa todo o globo terrestre. Envolve o ocidente e o oriente criando as bases de um novo mundo, destruindo ou recriando outras formas sociais de trabalho e vida, outras formas culturais e civilizatórias e o modo como lidamos com os outros seres e o meio ambiente.
O sistema neoliberal, regido pelo capital e pelas leis de livre mercado, que em sua natureza é voraz, acumulador, aniquilador do meio ambiente, criador de desigualdades e sem sentido de solidariedade tem atestado seu próprio fracasso.
  O capitalismo desenvolve-se de modo desigual, combinada e contraditória, ele expande-se pelas mais diferentes culturas e nações, exacerbado pelos processos de concentração e centralização, concretizando nos dias atuais sua globalização.
No final da segunda guerra mundial o capitalismo se desdobra num movimento de escala internacional. A famosa globalização. Que Milton Santos chama de Globalitarismo, em seu livro: Por Uma Outra Globalização (2000).

Enquanto que o capital, por um lado, deve tender a destruir toda barreira espacial oposta ao comércio, isto é, ao intercâmbio, e a conquistar toda a Terra como um mercado, por outro lado tende a anular o espaço por meio do tempo, isto é, reduzir a um mínimo o tempo tomado pelo movimento de um lugar a outro. Quanto mais desenvolvido o capital, quanto mais extenso é portanto o mercado em que circula, mercado que constitui a trajetória espacial de sua circulação, tanto mais tende simultaneamente a estender o mercado e a uma maior anulação do espaço, através do tempo. [...] Aparece aqui à tendência universal do capital, o que o diferencia de todas as formas anteriores de produção (o grifo é nosso) (Marx, 1985)

Com a globalização o capitalismo se universalizou. E com isso obriga que todas as economias dobrem seus joelhos a esse modo de produção perverso. A mundialização do mercado financeiro internacional que objetiva transformar o mundo em uma “aldeia global”, explorada pelas grandes corporações tem gerado integração e a interdependência econômica entre países, regiões e continentes. Essas empresas transnacionais dominam o mundo atual e exploram lugares longínquos do planeta, trazendo como conseqüência uma semi-escravidão, exploração inclusive de mulheres e crianças, tal como ocorria na primeira revolução industrial, desempregos em seus países de origem e danos irreversíveis ao meio ambiente.
O capitalismo é um modo produção econômico e social que se esgotou, embora continue dominante, pois o mesmo tem se manifestado como força bruta, implacável, alienadora e excludente. Os limites do capitalismo são os limites da Terra. Nós já chegamos nesse limite, pois exaurimos a terra, fauna, flora, os recursos naturais e humanos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

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