domingo, 5 de junho de 2011

De Quem Foi a Culpa do Drama na Região Serrana do Rio

Bem, eu estava há alguns meses sem escrever no blog, motivo: se eu for caçar todos os falsos profetas e divulgar todas as asneiras e safadezas que saem das religiões eu ficarei escrevendo 24 horas por dia e não darei conta. Todavia, eu quero trazer minha opinião, opinião esta de um historiador e gestor ambiental com MBA na área de Planejamento e Gestão Ambiental, e sobretudo uma apreciação cristã para um assunto que tem suscitado debates e mal entendimentos.
O desastre que ocorreu na Serra do Rio de janeiro que deixou centenas de mortos, feridos, desalojados e desabrigados foi e estar sendo um episódio terrível para as famílias, para nosso estado e para nosso país. A solidariedade que tem tomado conta do nosso povo e nos irmanados é bem vinda, porém as marcas deixadas nunca serão de fato apagadas das memórias dos familiares dos mortos e daqueles que perderam tudo; só lhes restando a vida.
Em momentos assim surge à pergunta: Quem foi ou quem são os culpados da tragédia? E parece estar na moda nos últimos anos culparem Deus. Antes de estabelecer minha opinião cabe uma observação: não sou advogado ou apologista de Deus, pois Ele não precisa de tal coisa, muito menos contratou os meus serviços advocatícios, até porque nem em Direito tenho formação, e mesmo que tivesse seria incapaz de defender o indefensável. Por isso deixo logo claro que não estou fazendo uma defesa de Deus.
Mas como disse desde o Tsunami tenho ouvido centenas de pessoas porem a culpa em Deus, até pessoas religiosas têm pensando assim, por mais que não tenham coragem de dar seu parecer. O pastor Ricardo Gondim, certa feita fez isso e foi coagido por centenas de cristão a retratar-se.
Bem, vivemos um cenário mundial de crise social e ambiental sem precedentes. A humanidade desde que adotou o modo de produção capitalista que é voraz, predatório e aniquilador dos recursos naturais e humanos têm sentido de vez em quando a fúria da natureza. Se junta a isso a irresponsabilidade humana e de nossos governos de permitir que se ocupem locais impróprios para habitação; e não são só os pobres que residem em locais impróprios, ricos e milionários desafiam a natureza e fazem suas mansões em encostas de morros, matas ciliares e bem perto do mar.
O Brasil tem a melhor legislação ambiental do mundo. E até a nossa constituição tem um capítulo especial que trata do meio ambiente, o artigo 225. Na legislação ambiental esta expressamente estabelecida onde podemos e não habitar. E o nosso direito tem como pilar que nenhum cidadão pode alegar desconhecimento da lei, pois a mesma esta ao alcance de todos.
Mas a necessidade humana (dos pobres) que não tiveram direito a um lar decente, muito menos dinheiro para comprarem uma casa e um terreno no lugar seguro faz com que muitos de nós filhos desse Brasil habitem em locais impróprios em condições precárias. Outros (ricos e milionários) para ostentar riqueza e prestígio também constroem em encosta de morros e grudados ao mar, negligenciando a lei e se sentindo acima do bem e do mal, até porque leis maravilhosas temos, mas infelizmente sempre quem paga o pato é o pobre, pois dificilmente os órgãos públicos jogarão por terra mansões de milionários, até porque eles são os nossos gestores públicos.
Se junta a isso a negligência dos governos seja ele federal, estadual ou municipal, que por não poder e querer muitas vezes oferecer uma moradia decente ao necessitado e não desejar mexer nos poderosos faz vistas grossas permitindo a agressão ao meio ambiente e as leis preestabelecidas.
Soma-se a isso a livre e poderosa ação da natureza que por vezes tem se levantado e feito o que lhe apraz. Pois sempre na história da vida no planeta houve catástrofes naturais. É comum de tempos em tempos furacões, maremotos, terremotos e enchentes. E não foram poucas as devastações em massa ocorridas com a fúria da natureza. Esse é um ciclo natural e ininterrupto, todavia, esse problema tem sido agravado pela ação antrópica, ou seja, humana. A humanidade se tornou para o planeta o Satã da terra, o câncer que tem carcomido os ecossistemas, os recursos naturais, a fauna e a flora. Além da irresponsabilidade, aliado ao consumismo e ao desperdício. A falta de amor a vida, aos semelhantes e a mãe natureza, que de tanto ser afligida tem vindo de tempos em tempos cobrar o seu preço. Muitas das vezes caro e doloroso, como esse que estamos assistindo estupefatos, boquiabertos e com o coração na mão.
Mas como têm sido constatado muitos dizem que Deus é o culpado. Será? Até quando nossa insensatez, cegueira e hipocrisia nos encobrirão. Até quando procuraremos culpados se a culpa é nossa, esta nos nossos atos, na nossa ganância e no modo de ser e viver. Esta nos maus políticos que elegemos, pois a grande maioria teve seu voto comprado e trocado por migalhas que satisfez seu ego, em detrimento a melhoria da coletividade. Por isso nossas leis não são cumpridas, pois a maior bancada do Senado e da Câmara dos Deputados é a bancada ruralista, composta por fazendeiros, madeireiros, agricultores e criadores de gado que são os destruidores do maior patrimônio universal, a Floresta Amazônica. E querem mudar o nosso Código Florestal, para poderem destruir mais a floresta e fazer as suas mansões bem próximas a rios e mares.
Ai eu fico indignado por ver tamanha estupidez e ignorância capazes de fazer os homens culparem Deus se de fato a culpa é nossa, ou então é a livre ação da natureza. Que na verdade só quer tomar aquilo que é seu que lhe pertence.

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