domingo, 5 de junho de 2011

O antagonismo Entre o Modo de Produção Capitalista e a Questão Sócio-Ambiental Parte II

1.1   Modo de Produção Capitalista X Meio Ambiente

Nunca se falou tanto em Meio Ambiente como nos dias atuais. A preocupação com a natureza é de fato uma tendência mundial irreversível. Pois depois de explorarmos e usarmos a Terra e seus recursos ao nosso bel prazer e ao longo de um vasto período de desenvolvimento industrial desprovido de ética e cuidado, só se preocupando com o lucro. Chegou à hora de revermos nossos conceitos e valorizarmos a vida.
Hoje é sabido que os recursos naturais não são inesgotáveis, devendo o desenvolvimento econômico ocorrer de maneira sustentável e planejada a fim de assegurar que os recursos naturais não se esgotem.                     
Não se pode desvincular os padrões e metas ambientais dos padrões e metas pretendidos para a sociedade humana. “Quanto maiores forem às aspirações de preservação ambiental, menores as possibilidades de crescimento socioeconômico e vice-versa. A natureza e suas leis nos ensinam que tudo estar interligado, interdependente e, que se algum lado ganhou, é porque o outro perdeu. (Braga et e tal, 2010, p. 49) 
A história do movimento ambientalista no mundo advém da proposta de alteração da racionalidade econômica desprovida de respeito à vida e a natureza para a ecológica. O ambientalismo nada mais é do que um questionamento profundo e ético da sociedade industrial de consumo.
O modelo capitalista baseado no mercado como instância reguladora da vida em sociedade, em que a política de desenvolvimento científico-tecnológico acontece sobretudo em função da demanda de mercado com a finalidade de maximizar os lucros – está conduzindo a humanidade ao caos, ao mesmo tempo que defende que este mesmo padrão técnico-industrial convencional que nos colocou nessa situação irá encontra a solução e nos arrebatar dessa condição caótica -. Estão defendendo que o que nos trouxe a essa crise sem precedentes será o remédio que nos tirará dela, apesar de todos os apelos e o bom-senso nos dizer que o melhor caminho é alterarmos toda a concepção da teoria neoclássica.
James Lovelock diz-nos metaforicamente que a humanidade é como o fumante inveterado, que continua curtindo seus cigarros, pensando em parar de fumar só quando o dano se tornar visível. (2006). Pior que isso a humanidade tem se portado como cancerosos em estado terminais que mesmo com o vislumbrar e o conhecimento de uma morte súbita, continuam a tragar seus cigarros.
Para Rogério Rocco, superintendente do IBAMA RJ, o modo de produção capitalista altera culturas e localidades:
A subjetividade capitalista, que entende o meio ambiente enquanto um patrimônio a ser apropriado, também age no sentido de apropria-se das culturas e dos espaços urbanos. As transformações sofridas pela degradação ambiental de uma localidade alteram a cultura daquela comunidade, pois rompem com uma cadeia ecológica e social e influenciam a formação de futuras gerações, modificando referências e valores comunitários. (Rocco, 2008)   
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos (art. 225, CRFB). Isto demonstra a natureza pública deste bem, que leva sua proteção a obedecer ao princípio da prevalência do interesse da coletividade sobre o particular na questão de proteção ambiental. O bem de todos se sobrepondo ao bem individual.
Todavia os três séculos de desenvolvimento industrial e seu aumento paulatino com o advento da globalização têm demonstrado uma franca oposição ao que diz a nossa Carta Magma, pois a terra vem sendo violentada em prol do lucro de alguns poucos.
A modernidade separou o homem e a natureza, colocando ambos em oposição. Pois a sociedade capitalista transformou nosso planeta numa banca de negócios. Os recursos naturais, e todo o conjunto de biodiversidade estão ai para serem explorados e gerarem lucros. Aumentando excessivamente a oferta de produtos para consumidores alienados e insaciáveis.     
“{...} Estimativas atestam: que entre 1500-1850 foi presumivelmente eliminada uma espécie a cada dez anos. Entre 1850-1950, uma espécie por ano. A partir de 1989 passou a desaparecer uma espécie por dia. No ano de 2000, esta perda acontecia a cada hora. Ultimamente, a aceleração do desaparecimento é tão rápida que se calcula que no período de 1990-2020 terão desaparecido cerca de 10% a 38% das espécies existentes”. (Boff, 2009).
Tem uma frase que é atribuída a Gandhi, que diz: “A terra é suficiente a todos, mas não para a voracidade dos consumistas”. Devemos compatibilizar o aumento do conforto individual com a preservação ambiental.
Hoje, o estado do meio ambiente no mundo é extremamente preocupante, pois deixou de ser uma ameaça as espécies da fauna e flora, passando a representar uma ameaça à manutenção da vida humana neste planeta. 
Os efeitos do aquecimento global, poluição, extermínio de espécies e a manutenção da vida humana, têm contribuído para sensibilização das pessoas ao redor do mundo sobre as questões ambientais, tendo destaque na mídia e no discurso de campanhas políticas e grupos ambientalistas em todo planeta.
Uns dois mais destacados cientistas da atualidade, autor da teoria de Gaia e de dois livros instigantes e reflexivos: A Vingança de Gaia (2006) e Gaia Alerta Final (2009), ambos lançados pela Record, James Lovelock, nos afirma em entrevista:
“Até o fim do século, 80% da população humana desaparecerá. Os 20% restantes vão viver no ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas forem mais baixas e houver um pouco de chuva [...] Quase todo o território brasileiro será demasiadamente quente e seco para ser habitado.” (Veja, 20)
Grandes pensadores da atualidade têm apregoado a extinção da espécie humana da terra, pois a terra tem que se livrar do seu câncer, a humanidade, para que ela e outras espécies de vida possam viver e da continuidade a história evolutiva. Boff chama o homem de o Satã da terra de o homo sapiens et demens (2006, 2009). Pois nós somos ecocida e geocida. Edward Wilson em seu livro O futuro da Vida (2002, 121), afirma: “O homem até hoje tem desempenhado o papel de assassino planetário [...]” 
Théodore Monod, em seu texto reflexivo: “E se a aventura humana falhar?” (2002, 246-248). Afirma: “Somos capazes de uma conduta insensata e demente, pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da Raça humana”. (p. 246) acrescenta: “seria o justo preço de nossas loucuras e de nossas crueldades”.
Se nós percebermos o cenário trágico que a humanidade acometeu ao meio ambiente e a si mesmo através de uma conduta irresponsável e um modo linear de produção sem respeito à terra, veremos que é uma possibilidade palpável.
O Relatório Planeta Vivo de 2006 do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) declarou: “O ser humano consome 25% a mais do que a terra pode repor. Em 2050 precisaremos de duas terras como a atual para atender as demandas humanas.”                                                   

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